segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Pela última vez, não

Os fogos de artifício explodem e mudam a cor do céu.
Pra sempre.

Cada unha minha é uma montanha e meus dentes são tempestades.

Por que você veio aqui? Processe sua vontade.

Ojeriza, amor, amizade.
Fomenta sua loucura, o absurdo é a liberdade.

Corra no escuro, intercale a sanidade.

Sujeite-se, mude-se encontre sua cidade.

Por que não quer mais ver o desejo do presente,
a corrida ao oriente, encontre tua semente.
Socorra sua mente;

Acelere e relembre:
fomos um, não pra sempre.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

“O Jardim Secreto”, um estudo de personagem


Frances Hodgson Burnett, inglesa de Manchester radicada nos Estados Unidos da América nasceu em 1849 e trouxe a luz a obra prima “O Jardim Secreto” em 1911, que virou filme em 1993 nas mãos da diretora Agnieszka Holland, produzido pelo mestre do cinema, ninguém menos que Francis Ford Coppola, com certeza o nome certo para levar uma obra dessa grandeza para as telonas, sob o selo de seu falido e emblemático estúdio independente American Zoetrope.

Burnett, nascida em família pobre, foi mais uma de tantas famílias que deixaram o velho mundo em busca da liberdade na América, onde esperava uma herança de um tio, o que não acabou ocorrendo, restando a escolha de trabalhar com costura e bordado. Morando no Tenessee e passando muitas necessidades, Frances decidiu abrir uma escola onde ensinava a quem quisesse entrar, enquanto escrevia contos, até vender o seu primeiro para uma revista, aos dezessete anos de idade, e em pouco tempo já havia economizado para voltar à Inglaterra, vivendo em ambos os países.

Autora de outros clássicos, como “O Pequeno Lorde” e “A Princesinha”, que também virou filme, Burnett lançou “O Jardim Secreto” em plena belle époque, uma nostálgica era de intenso clima intelectual e artístico antecedente a eclosão da Primeira Guerra Mundial. Uma época de mudanças, inovações, novas tecnologias, paz, arte e cultura em todos os níveis sociais. Burnett foge de toda a modernidade afluente e buscou escrever um romance pleno de uma vida ao natural, no qual duas crianças com um pesado passado, crianças das quais nada lhe faltavam, encontram sua redenção em um jardim.

Produzido com apurado primor técnico por Francis Ford Coppola, o livro virou filme em 1993.
O cenário é uma imensa mansão, nomeada Mansão Misselthwaite, de mais de cem quartos, como é informado na história, situada num campo em uma “charneca”, um extenso campo verde, com rochas (sendo esse campo, junto com o jardim, um dos personagens centrais do livro), no interior de Yorkshire, o maior condado da Inglaterra. A mansão pertence a Archibald Craven, a autoridade máxima da casa e ausente durante a maior parte do tempo. Aparentemente, para esta família, nada deveria faltar.

A obra é muito completa, e simétrica na composição dos seus personagens, antagônicos, parecem se completar e se contrapor, na medida que mesmo tão opostos, nunca deixam de ser amigos, constituindo uma história singela, não de inimigos, não de brigas ou desafios, mas sim um drama no qual os personagens não tiveram escolha, enfrentam a realidade que a vida propôs à eles, e suas atitudes causaram os resultados.

Temos Medlock, a governanta da mansão, típica linha-dura, age por meio da opressão, impondo toda a sorte de limites às crianças. Dispõe de todo o dinheiro, comida, médicos, autoridade, inda assim não consegue progredir na educação e cura daquele lar. Seu contraponto é Susan Sowerby, mãe de Martha e Dickon (e outros vários filhos). Pobre, humilde e iletrada, mora em um pequeno casebre na charneca onde luta para sustentar e educar todos os filhos, e envolta a tantas dificuldades, é bem sucedida, ao contrário de Medlock. Ambas são muito amigas e se respeitam muito. Há ainda um elo intermediário, Ben Weatherstaff, um jardineiro durão do campo, de coração mole.

Somos apresentados à personagem Mary Lennox: uma menina, que segundo a narrativa, é feia, antipática, mirrada, apática, doente, e não gosta nem se interessa por nada, nem ninguém. Egoísta e egocêntrica, a pequena Mary, de 10 anos, nascida na Índia, época em que era governada pela Grã-Bretanha, perde seus pais pela peste da cólera, fato que obviamente mudará para sempre sua vida, pode-se dizer que a jovem vivia?
Quando Mary Lennox foi trazida para a Mansão Misselthwaite para morar com o tio, todos diziam que ela era a criança mais antipática que eles já tinham visto na vida. E de fato era verdade. Ela tinha um rostinho chupado, um corpinho magricela, e estava sempre de cara amarrada. Seu cabelo era amarelo e seu rosto era amarelo, porque ela havia nascido na Índia e vivia pegando uma doença atrás da outra. (BURNETT, 1911, p. 201).

Ela é a principal protagonista da história durante o primeiro ato do romance, no qual há dois mistérios: o próprio jardim, no qual ninguém tem autoridade de entrar, e o segredo de outro morador da mansão Misselthwaite: Collin Craven.

Filho de Archibald Craven, Collin tem 10 anos, dos quais todos foram passados em um dos vários quartos da mansão. Doente desde sempre, ele nunca saiu da cama, não toma sol, não pratica nenhuma atividade que não reclamar, pedir e chorar. Tão mimado quanto Mary, é insuportavelmente egoísta, mandão e extremamente depressivo. Fala com naturalidade que aguarda a morte a qualquer momento, e que não tem nenhuma esperança de envelhecer, além da certeza de que vai ficar corcunda como o pai. Seu nascimento coincide com a morte da sua mãe, um dos pontos chaves da história, que muda todos os rumos.

O personagem mediador entre Mary e Collin é Dickon. O menino do campo, que mora na Charneca, de família humilde, de poucos recursos, de relacionamento com a natureza e que, ao contrário de ambos, é livre e simplesmente não tem dificuldades nem dramas pessoais. Dickon é como o próprio livro diz, encantador. Ele é realmente encantador, e consegue transpor para a realidade uma história de uma pessoa que tem relacionamento com os animais, e prova que isso não é tolice nem bobagem, e faz tudo isso com extrema naturalidade, méritos da autora.

Archibald, o pai de Collin, entrou em profunda depressão com a morte de sua esposa e simplesmente não se relaciona com o filho, o que causa feridas em ambos os lados. Sem saber como enfrentar a vida, Craven parte em uma jornada de auto-reconhecimento, em busca de respostas, em busca de uma fuga.

É impressionante a habilidade com que Burnett compôs seus personagens, totalmente neutros de quaisquer estereótipos, livres de caricaturas, únicos e diferentes. Aonde esperaríamos, na literatura infantil, uma personagem protagonista descrita como feia e chata? Qual o fundamento dessa originalidade, que acabou dando certo? Possivelmente a não-industrialização da arte e literatura da época. Ainda assim, a trama é simples, mas consegue ser profunda.

Mary, a enfezadinha, como é apelidada na embarcação que a leva à Inglaterra, é o oposto de Collin, em determinados pontos. Vem morar a mansão após a morte dos pais, por não ter aonde morar. É lhe dado um quarto, nada mais. Ela não tem direitos. Ela não tem liberdade, espaço, e não pode exigir nada. Mas sua estadia na velha e misteriosa mansão atiça sua curiosidade, partindo em busca de exploração, que a leva a encontrar o jardim.

Collin, o rajá, como é apelidado por Mary, é tão mimado e esnobe quanto ela, é o senhor da casa quando seu pai não está, e ele nunca está. Com seus ataques de histeria quando não tem suas vontades atendidas, tem total liberdade para fazer o que quiser, mas opta apenas pela reclusão. Nada lhe falta, tudo ele tem, mas nada ele quer. Apenas restringe-se a ficar na cama e cultivar sua hipocondria.

É quando ambos se encontram que tudo passa a mudar: acostumados com a solidão, ninguém da mesma idade, ninguém do próprio sangue, agora presenteado com uma prima que sabe tudo sobre o lado de fora do quarto, com tanto em comum (sofrimentos, ausência dos pais, apatia, desesperança), ambos passam a crescer, se desenvolver, se libertar e, principalmente, construir seu caráter.

Agora que passam a se descobrir, Mary, empenhada no seu objetivo de acordar o jardim que encontrou, fica ligada a Collin, com o mesmo interesse. Todos na casa passam a estranhar as melhoras no comportamento de Collin, até a descoberta do seu contato com Mary. Aí que vem mais um diferencial surpreendente na história de Burnett: Collin não muda seu comportamento, não melhora, não fica dócil, nem bonzinho, apenas por “agora ter um amigo”, não pela “beleza da amizade e do amor”, não, nenhum desses clichês. Collin é forçado a entender e aceitar os outros como seres humanos, e não escravos de sua vontade, a partir do momento que é confrontado e esmagado por sua igual.

Um dos embates entre Mary e Collin é recorrente da ciumeira de Collin quanto a Dickon, apesar de admirá-lo profundamente, como todas as pessoas que conhecem Dickon. Em uma das manhãs Mary deixa de ver Collin para encontrar-se com Dickon no jardim, Collin não tolera passar a manhã solitário, já acostumado com a presença da prima, e desacostumado a penar seus dias sozinho na cama, ao reencontrá-la ameaça proibir a presença de Dickon e forçar a presença de Mary. Tal comportamento foi abordado de maneira interessantíssima no filme como um suposto triângulo amoroso, da maneira mais inocente e bela possível, de acordo com a idade latente em que vivem as crianças.

Acostumado a ter todas as suas ordens devidamente atendidas, Collin é surpreendido com um belo não de Mary, que contraria tudo o que ele quer neste momento, o que nos leva ao “chilique”.

-Você para com isso! Ela quase gritou. “Você para com isso agora! Eu odeio você! Todo mundo odeia você! Eu queria que todo mundo fosse embora desta casa e deixasse você berrar até morrer! Você vai morrer de tanto berrar daqui a pouco, e eu quero mesmo que isso aconteça!” (...) e se você der outro berro, eu vou berrar também (...) e eu consigo berrar bem mais alto que você!”. (BURNETT, 1911, p. 201).

Sendo uma plena lição de que as crianças precisam de limites, e também de liberdade, o que só pode ser dado com pais presentes, somos agraciados com a cena antológica de uma menina que não pode nada e faz tudo educando um menino que pode tudo e não faz nada. De amigos que não iriam longe sem uma boa briga. Frances quebra os paradigmas, escreve uma história infantil com crianças feias e chatas, com morte, briga, e a redenção no final.

É curioso notar que, sendo crianças de família rica, acostumada ao luxo e a ter tudo que poderiam desejar, buscam sua redenção justamente no natural, no que não custa nada. Mais além do que isto, no trabalho! Na tarefa deleitosa da horticultura, no jardim secreto, numa lição de que o campo é melhor que a cidade. E é!

Chegamos ao personagem central. O jardim. O jardim é uma alegoria para as crianças. Abandonado há 10 anos, doente, evitado, trancado, estéril. Como Collin, é a causa de todos os dramas da família, supostamente a causa mortis da Sra. Craven (a autora deixa isso em aberto), e também é, como Mary, a solução desses dramas.

Em essência, o livro é sobre um milagre psicológico: a completa regeneração de duas crianças de dez anos infelizes, autocentradas e absolutamente insuportáveis. Mary Lennox e Colin Craven, as crianças protagonistas, encenam uma sutil versão psicológica do enredo típico de Burnett. Eles recuperam não a riqueza, mas a felicidade natural infantil e a esperança no futuro. (LURIE, 1999, p. 11).

É no jardim que os pais de Collin passaram seus melhores momentos. É lá que a mãe de Collin morre. É ele que trás as lembranças mais felizes e doloridas da vida de Craven. Assim como Collin, é ele que é castigado, bloqueado, por lembrar a senhorita Craven. E com a intromissão de Mary, é ali que Collin encontra sua cura, aprende a andar e esquece os pesares de sua curta vida, almeja “viver para sempre”. Ali reencontra seu pai, que tão martirizado quanto ele, também encontra seu rumo. É ali que Mary deixa de ser espectadora da vida, e passa a ser protagonista dela. Ganha um motivo para esperar o próximo dia, deixa de esperar que a sirvam, a lavem, e passa a sujar as mãos com a terra. E junto às crianças, é o próprio jardim que também ganha sua vida de volta.

O livro é atualmente distribuído pela
editora Companhia das Letras,
 sob o selo  Penguin-Companhia.
Enfim, cada personagem do livro merece destaque, mesmo que não seja humana, o próprio jardim é o maior personagem da história. Frances Hodgson Burnett conseguiu criar uma história fora dos padrões, sem um clímax previsível, sem uma “grande batalha final”, fugindo dos habituais clichês, mesmo ao usar um deles: o do parente próximo que quer se apoderar da herança, é quebrado ao informar que este até gostaria disso, mas não que fosse mover uma unha para tanto. Uma narrativa da rotina, do diário de pessoas que tinham traumas a serem resolvidos, e conseguiram, de maneira poética, poética como a própria escrita de sua autora, O Jardim Secreto é inteiro uma poesia e parafraseando a Mary Lennox do filme de 1993, “se você for ver, o mundo inteiro é um jardim”.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Por que as coisas que só acontecem com gente idiota sempre acontecem comigo?

Hoje uma tragédia shakesperiana:

Para conseguir um troco extra (mentira, extra se estivesse sobrando, mas não tá), ou seja, para conseguir sobreviver, montei e configurei um computador com várias peças que eu tinha sobrando, outras que encontrei, e outras que criei (como um cooler feito com uma hélice e parafusos de dobradiça de porta). Foi criado um Frankeinstein com a placa-mãe e um ijkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkopllllllllll opa foi mal, meu gato pisou no teclado.

Continuando, criei um monstro com partes de diversos pc's que já percorreram a história da informática. Uma placa-mãe de um, um gabinete de outro, um cd-rom daqui, uma placa de vídeo acolá, talvez essa máquina tenha tido peças suas, leitor. Tudo isso por que havia um comprador, um cara que queria "um pc baratinho pra entrar na internet e jogar uns jogo besta".

Após várias tentativas e falhas corrigidas, consegui fazer o Frank (vou chamá-lo assim) ligar e não apagar mais. Instalei todo o sistema, os programas, os drivers de vídeo, som, rede, o Office pirata, o famigerado Internet Explorer 8 e o Google Chrome, além de um emulador de SNES com 2400 roms pro cara ficar feliz. Pago os 500 pila que cobrei por ele o cara levou a máquina faceiro, agora ia poder jogar Top Gear e Bomber Man comendo manteiga delícia com suco de laranja.

Tudo isso pra conseguir um troquinho pra me sustentar e ter um pingo de dignidade, atualmente na minha vida qualquer 30 pila tá fazendo a diferença, e eu ando realmente catando as moedas que encontro no caminho na rua, por que cada centavo desses está colaborando.

Dinheiro fácil? Não. O cara trouxe o Frank de volta, com um par de caixas de som novas, que não funcionaram, e o problema era o PC. Estava tudo certo nele, mas o som não funcionava, não indicava qualquer erro. A solução seria comprar uma placa de som off-board, que custa uns 30 reais, um dinheiro que eu não posso me dar ao luxo de gastar. Tá eu não tenho nem isso. (Prejuízo).

Meu tio, num toque de genialidade, supôs dar um jeito de por o áudio frontal (aquela entrada de som que tem na frente do PC que tu enfia fone de ouvido pra assistir pornô) e ver se funcionava. Achei um gabinete com a peça do áudio fronta, pois o gabinete vendido não possuía um. Liguei na placa-mãe, liguei a caixa de som nele e... FUNCIONOU! Prejuízo 0,  não precisaria comprar uma placa de som!

Ok, certo, tudo funcionando, vou por essa máquina aqui no balcão pra tampar e... PLEFT derrubei a caixa de som novinha do cara no chão e quebrou em mil pedaço já era prejuízo 30 pila ferrou :( .

Este texto faz parte do programa ESCREVER TODOS OS DIAS POR PIOR QUE SEJA O QUE VIER PRA ESCREVER.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Dia de merda; proposta fadada ao fracasso?

Hoje o dia está uma merda, tenho a obrigação de escrever três textos, dos quais normalmente me sentiria a vontade pra escrever mas não sai nada, aliás, tô enganando quem? As ideias tão aqui dentro, mas eu não me sentiria a vontade droga nenhuma.

Foi aí que eu me debrucei e lembrei de um texto idiota que li uma vez com um monte de ideias babacas que discordei completamente mas que dizia algo que me chamou a atenção: o autor dizia que escrevia muito mal mas começou a escrever textos todos os dias durante mais de quatro anos, e com a prática passou a escrever muito bem, na opinião dele próprio, pra mim aquele texto era uma merda também, mas se ele conseguiu escrever com mais facilidade com a prática, talvez eu também consiga.

Aí eu pensei: é isso aí, vou começar a escrever todo dia a partir de amanhã, e assim pegar prática e quem sabe um dia eu tenha uma grande facilidade de escrever como eu almejo mas aí fui atingido por outro golpe da minha mente imbecil: cara tu quer começar a escrever todo dia pra poder ter uma boa prática, por que amanhã? Alguém tá te amarrando? Aí eu comecei a escrever, esse é o primeiro texto da série "vou tentar escrever todos os dias a partir de agora, isso mesmo, eu pensei e já comecei a escrever.

E isso não é da sua conta, só estou escrevendo tudo isso por que me obriguei a escrever qualquer coisa e tudo isso foi o que veio a minha mente, se não gostou vai comer margarina delícia com suco de laranja. Até amanhã.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Considerações sobre The Walking Dead

Chegando na metade da terceira temporada de The Walking Dead chego as seguintes conclusões:

É uma versão de Lost com zombies.

O cotidiano de um grupo sobrevivente a um desastre, a sensação de isolamento, as situações ocasionadas por isso, as disputas por liderança, os romances, a criança, a luta por sobrevivência, o mistério, e agora pintou até um Projeto Dharma.

O melhor de tudo é que a insersão da temática zumbi, oxigenada pela porcaria do filme Resident Evil em 2001, é muito bem vinda, e os roteiristas encaram com seriedade e criam tramas complicadas para os personagens encarar, como o amadurecimento de Carl.

Ainda inclui as birutices de sempre de qualquer produto estado-unidense, como o fanatismo por armas, e mais, mesmo no momento atual e todos as tragédias ocasionadas por isso, insistir descaradamente em colocar armas na mão de uma criança.

Espero que, diferente de Lost, os roteiristas caprichem e não estejam interessados em apenas prolongar a série, o que causou diversas incoerências e vários enredos deixavam de encaixar quando haviam oportunidades perfeitas, o que é possível ocorrer, já que há uma fonte original, os HQ's.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Crítica: 007 - Operação Skyfall (2012)





James Bond chega ao seu 23º filme emplacando 50 anos na história do cinema, continua com fôlego para estar inovando ao que homenageia seu próprio passado, coisa que já fez antes, e mesmo quando não estava em seus melhores momentos e demonstrava sinais de desgaste, ainda assim era divertido e nunca teve sua hegemonia e bilheteria ameaçada.

A série 007 sempre buscou nos sucessos de ação de seu tempo um molde para aplicar sua fórmula. Moonraker (1979) levou Bond ao espaço, inspirando-se em Star Wars (acabou copiando a bilheteria também), Die Another Day (2002) teve um pouco de Matrix nas sequências de ação. Quantum Of Solace (2008) bebe da fonte da franquia Bourne. E agora, numa abordagem mais palpável com objetivo de contar as origens do agente, por que não se inspirar num sucesso de qualidade inegável, embora contestada por muitos, no caso os filmes Batman do cineasta, também inglês, Christopher Nolan?

As semelhanças começam logo que vemos o agente em close, nos primeiros segundos do filme, com visual claramente envelhecido, lembrando Pierce Brosnan em seus últimos momentos como Bond, remetendo ao Bruce Wayne de The Dark Knight Rises (2012), não parando por aí, assim como o homem morcego, Bond também tira umas férias, ao ser atingido por acidente pela própria parceira quando M (Judi Dench) assume o risco para não comprometer a missão. Além disso, temos a fuga do vilão do presídio, bem como o Coringa o fez em The Dark Knight (2008).

Inovações? Dessa vez até a sexualidade do vilão é questionada. Parabéns Bardem.
Falando assim, pode parece até uma cópia, mas longe disso. O melhor do filme é exatamente a maneira como esses artifícios foram usados no universo 007. O roteiro busca desde Cassino Royale (2006) explicar as origens de James Bond e renovar a fórmula. Muitos torceram o nariz para Daniel Craig e toda a renovação que este traz consigo, quando até mesmo a introdução muda em Quantum Of Solace, e quando muitos ficavam em cima do muro, entre reprovar e aprovar as mudanças, entre ficar com o velho ou abraçar o novo, Sam Mendes nos traz um filme em que James Bond discute isso, nos mostrando o velho e o novo na prática, na nossa frente!
Tiroteios mais realistas estão ali (os capangas não entram na frente de James com uma placa escrito “me mate”), perseguição de carro, brigas, nosso agente está mais humano. Diferente daquilo do que víamos, quando o filme era apenas uma diversão, a certeza de que ele já ia apertar um botão mágico e o vilão ia cair num abismo, hoje nós tememos pela integridade física dos personagens. Por mais que saibamos que o agente não vai morrer, o segredo é que os autores fazem espectadores apegar-nos aos coadjuvantes, e colocá-los no limite de risco, assim como em The Dark Knight, temi por M cada minuto como temi por Harvey Dent, e esse medo do risco da morte dos personagens é um artifício abusado no filme.

O futuro e o passado frente a frente.
Mas pra quem ainda é saudosista, o filme resguarda com louvor aqueles momentos que nos lembram os tempos áureos. Ainda tem luta mano-a-mano hollywoodiana que você sabe que não vai dar em nada, Bond briga com capangas num alçapão com dragões em volta, e tem uma luta no bondinho elevada a enésima potência, isso sem mencionar quando chega a vez do Aston Martin (só faltou Sean Connery estar dormindo no banco de trás), os fãs vão se arrepiar.
E qual a explicação para, que apenas no 20º filme esteja sendo levada em consideração começar a contar a origem do herói? Por quê não no primeiro filme? A resposta está no próprio estudo de Skyfall: será que nos tempos antigos o público já não tinha intimidade com o herói, apartir dos livros, item que, pode-se dizer hiperbolicamente, caiu em desuso, como uma caneta que explode? Nos anos 60 a série já era sucesso nos livros e seria cansativo contar tudo desde o começo no cinema, o público já queria ação. Ação essa que, se assistida hoje, parece tediosa para o público atual, ávido por sequências frenéticas, tomadas malucas que às vezes mal dá pra entender o que acontece na tela (Quantum Of Solace). 

Nesse momento, palmas para a produção (Barbara Broccoli) que conduz a série com carinho e sabe colocar as coisas no caminho certo. Neste caso, colocar Sam Mendes no comando, que faz um ótimo trabalho, não fica picotando os momentos de ação, devolve um colorido lindo visto em Cassino Royale, enquadra os personagens numa cena de ação, dá pra admirar o cenário enquanto a coisa acontece. Devo mencionar um capitulo mitológico nas ações furtivas de Bond, quando este segue outro agente por um edifício: é de tirar o fôlego. A cena além de angustiante é linda. Um prédio todo feito de vidro, as paredes transparentes brilham, e há outdoors vivos do lado de fora em neon, e Bond maestralmente fazendo o seu trabalho como se deve fazer, vai até o limite... Bom, vou guardar esse momento pra não estragar a graça. 

Se já foi útil pra missão, caviar é só pra um, e um Bollinger, obrigado.

Para concluir, deve-se dizer que quem for ao cinema vai ver tudo o que pode querer em um filme do 007: ação, tiro, Martini com Vodka, carrões, mulheres lindas, paisagens lindas, corrida contra o tempo, armas, um vilão megalomaníaco, e dessa vez um pouquinho de reflexão e muito mais da história jamais contada de James Bond no cinema.Parabéns pelo cinquentenário. Hora de parar? Não. "James Bond Will Return".

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Crítica: New Super Mario Bros. 2 (Nintendo 3DS)


A impressão que fica de New Super Mario Bros. 2 pra Nintendo 3DS é que o jogo realmente carece um pouco de personalidade. Não há nenhuma novidade implementada, como sempre há de costume em cada jogo novo do encanador. Mario e Luigi aparentam estar em piloto automático. Isso já dá pra notar logo na introdução do jogo, quando eles estão voando pra lá e pra cá, atoa, fazendo sei lá o quê, batendo asas.

Em NSMB. original pra DS o jogo voltava a ser 2D. Isso tornava o jogo no que era antes? Não, o jogo era repleto de novidades, itens novos, modalidades novas, músicas. Você tinha que pegar as 3 moedas em cada fase, liberava novas fases. Em Galaxy, para Wii, nem preciso comentar a questão da gravidade. Agora, quando NSMB migrou para o Wii, mais novidades vieram, a questão do equilíbrio na barra, com o controle, MAIS um item novo (o capacete voador), músicas novas, além do que já devia vir da versão do DS.

Mesmo a série Mario Kart é marcada por inovações, sempre positivas a cada nova versão. O quê dizer de Mario Kart 7? Não há do que reclamar, é o de sempre, com novidades positivas que influem na mecânica do jogo. Me pergunto como conseguiram fazer algo tão incrível, de novo, em tão pouco tempo, com tanta pressão, que foi a crise dos primeiros meses do console.

Mas e agora em New Super Mario Bros 2. o quê veio de novo? Colecionar moedas. O quê você ganha com isso? Nada. Só o fato de saber que pegou 938439 moedas. Músicas? São as mesmas do Wii. Itens? Tem o Mario de ouro, não te dá nenhuma vantagem sobre os inimigos além de coletar mais... Moedas. Inimigos? Estou no quarto mundo e não achei nenhum novo ainda, ou não prestei atenção.

Acho que estão guardando o melhor pra versão do Wii U, e pelo que estão dizendo, é isso mesmo, o que me deixa contente, até porque New Super Mario Bros. 2 é sim um ótimo jogo, afinal, é mais do mesmo, mas mais do mesmo de Mario.

Definitivamente é um bom jogo, a reclamação mesmo fica por conta do tratamento do lançamento no Brasil (podia ser diferente?). Todos estavam animados pela Nintendo entrar no mercado de download dos jogos, todos aguardavam pra ver como ia ser no Brasil. Finalmente games de primeira linha iam sair a um preço justo (perdão ao trocadilho muito cretino). Poisé, o dia chegou e a versão pra download no E-Shop do 3DS saiu custando R$ 149,90.

A versão física do jogo sai por R$ 169,90 e ainda vem com uma moeda
pra colecionar. Narf!