terça-feira, 23 de agosto de 2011

Crítica: S.W.A.T. - Comando Especial (2003)

O ano era 2003 e os Estados Unidos da América precisavam de alguma maneira manifestar seu poderio e supremacia sobre o resto do mundo, pois acabavam de sofrer um duro golpe em um dos seus símbolos econômicos e estava prestes a ingressar em uma guerra sem motivos (embora qualquer guerra não tenha motivo ou razão ou qualquer justificativa) contra o Iraque, apenas um plano do Hitler do século XXI, George Adolf Bush.

E uma das maneiras foi naquilo em que esta nação é especialista: o cinema. Um projeto da absolutamente comercial Columbia Pictures (da Sony) que consistia em um filme baseado na série homônima dos anos '80, que foi cancelada por excesso de violência. A série, como o próprio nome diz era sobre a equipe (melhor do mundo, segundo o filme) de elite do departamento de polícia de Los Angeles. S.W.A.T. (Special Weapons And Tatics) "Armas Especiais e Táticas".

O filme começa com uma equipe sendo chamada para impedir um assalto a banco em seu pleno andamento. Durante o resgate um dos integrantes da equipe, Brian Gamble (Jeremy Renner, de Guerra ao Terror), decide em questão de milésimos de segundos (como devem ser as atitudes de um membro da equipe numa situação de risco) disparar em um alvo, o acertando, porém atingindo também um refém. Não que o colocasse em qualquer risco de vida ou invalidez, mas o suficiente para gerar incomodações à corporação e ao Estado, no que esta vítima o processaria.

Daí conhecemos os personagens principais: o já citado Gamble e no que o filme tenta mostrar desde o começo ser seu amigo há muito tempo, Jim Street, (Colin Farrel, de Por Um Fio). Após o acontecido, são chamados por seu superior para reportarem o ocorrido, e o julgamento é dos mais hollywoodianos: o bonitinho fica e o feioso sai. Por este incidente, Gamble, não aceita e decide abandonar de vez a corporação e briga com Street por este não o acompanhar e decidir ficar, mesmo que rebaixado. Na discussão dos dois fica evidente a fragilidade do roteiro, decidido a qualquer custo mostrar que Gamble é muito malvado desde sempre e Street é o mocinho. Mocinho que logo retorna a equipe, com a entrada do Sargento Hondo, interpretado por Samuel L. Jackson. O veterano começa a montar uma nova equipe, onde também entram em cena também outros personagens, das quais apenas destaco Sanchez (Michelle Rodriguez fazendo o mesmo papel de Velozes e Furiosos, Resident Evil, Lost, ou qualquer outro que ela tenha feito, é sempre o mesmo),  personagem que, como todos os outros, não faz diferença nenhuma na história, como os mesmos membros de equipe caricatos e clichê de sempre: o fortão, o traíra, a gostosa, o bom moço, o paizão.

Após algumas missões bem sucedidas desta nova equipe, apenas para empolgar a platéia, surge o desafio que os ocupará até o final do filme. Alex Montel (Olivier Martinez, Infidelidade),  um mafioso bilionário procurado em mais de dez países, incluindo os Estados Unidos, decide ir pessoalmente até lá (notem a fragilidade do roteiro) para matar seu tio. Por quê um chefe de máfia, tão procurado, cruzaria o oceano, sozinho, apenas para fazer algo que um capanga poderia fazer? E ainda por cima é preso por dirigir com o farol apagado! Tudo se complica quando ele oferece via imprensa 100 milhões de dólares para qualquer um que o tirar de lá, aí entra a S.W.A.T., com musiquinha retrô e tudo.

Nem adianta tentar de novo Osama. Na próxima a gente te pega.
Após várias seqüências de ação com muito tiroteio, armas legais, explosões, aquele cara que desde o começo o roteiro já deixou bem claro que era mal e que ia voltar, ele mesmo, Gamble se une a Alex e o desfecho é uma empolgante corrida em busca do vilão e uma disputa entre os dois que antes eram amigos. Seguindo o manual hollywoodiano, o duelo final tem que ser no mano a mano, quando, após desarmar o seu inimigo, o mocinho também dispensa armas e vai de igual pra igual naquela lutinha que todo mundo sabe que só termina quando um é mais esperto que o outro e "puxa seu tapete" de alguma forma, como em Dia de Treinamento.

O filme ainda se dá o direito de arriscar uma crítica social, nem perto do que foi o nacional, e infinitamente superior "Tropa de Elite", em uma cena em que um policial negro prende um foragido negro, e uma mulher negra o repreende com algo como "-Isso mesmo! Prendendo o nosso irmão!", e o filme não pratica qualquer recurso pra dar um objetivo ou resposta do porquê daquilo.

O resultado final é apenas uma propaganda, que na época enganou muito bem, mas que pode sim ser uma boa diversão pipoca pra quem gosta de filme policial, tiroteio, armas, explosões, e a bela paisagem que é Los Angeles.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Desculpa esfarrapada

Quase 3 semanas parado, mas não há problema já que ninguém lê mesmo, mesmo assim venho me desculpar, estou escrevendo meu trabalho de conclusão do curso e as coisas estão corridas, e também não tenho tido muito assunto. Ontem foi meu aniversário e não há nenhuma novidade a se contar ou comentar além disso. Breve mais algumas lamentações em futuros textos.

Por hora, fiquem com essa imagem, a foto da coisa mais limpa, pura, bela, transparente e verdadeira, na (verdade a única por lá) encontrada nos últimos 60 anos em Brasília.


sexta-feira, 15 de julho de 2011

Crítica: Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 (2011)



O grande final. Chega ao fim uma das maiores séries já concebida pelo cinema. A bilionária saga de Harry Potter, trazida até nós pela Warner, um dos mais bem sucedidos estúdios que na década passada nos trouxe a impecável triologia O Senhor dos Anéis e o sucesso de bilheteria Matrix, aposenta agora sua última galinha dos ovos de ouro. Vamos ter que aprender a viver sem aguardar a cada ano um novo capítulo da história. A história, que de um jeito ou de outro me conquistou, chega ao fim, da melhor maneira possível, quando corajosamente a autora, a britânica J.K. Rowling conseguiu nos fazer acreditar até o fim que tudo era possível, até mesmo a morte do herói.

Tudo começou no longínquo ano de 2001, quando Chris Columbus (Esqueçeram de Mim, 1990), pelo seu dom em ministrar atores infantis, foi o escolhido para dirigir “Harry Potter e a Pedra Filosofal” saído do livro homônimo escrito em 1997. A produção foi realizada com muito cuidado, criando toda a mitologia na tela, os cenários detalhados, conforme as extensas (e um tanto massantes) descrições descritas no livro, o original esporte “quadribol”, efeitos na medida e muita aventura e mistério, acertando em cheio ao chamar o compositor John Willians que, como sempre, criou a trilha marcante que ao ouvir as primeiras notas já sabemos de que filme se trata. Chris Columbus manteve a mesma qualidade no que é o meu filme favorito da série, “Harry Potter e a Câmara Secreta” (2002), que expande a mitologia, revela segredos e torna mais densa e profunda a relação herói-vilão da série. Em 2003, Alfonso Cuarón deixa sua marca dirigindo “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” no que foi a bilheteria mais fraca (não significa que foi pouco), introduzindo excelentes idéias não presentes no livro, mas retirando algumas partes importantes, numa tentativa da produção de enxugar o roteiro, mesmo assim o filme tem muita qualidade e apresenta Gary Oldman no interessantíssimo Sirius Black, o prisioneiro de Azkaban, a prisão dos bruxos. “Harry Potter e o Cálice de Fogo”: o bruxinho cresceu! Mike Newell assina a direção deste quarto filme, que contrasta o amadurecimento dos personagens, e a frieza da autora a matar um deles. David Yates assume apartir de 2007 e dirige a série até seu final, “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, o mais fraco episódio, o sombrio “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” (2009), e a preparação para o arrebatador final “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1” (2010). Eis que chegamos em Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2.

 “Não vamos fazer nenhum plano. Toda vez que fizemos não saiu como o planejado”

Direto ao ponto, o filme continua da onde parou, de maneira corrida, e o trio Harry (Daniel Radcliffe), Rony (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson) invade corajosamente Gringots, o banco dos bruxos, buscando mais uma das sete horcruxes, um artefato caminho para a vitória sobre Lord Voldemort (Ralph Fiennes). Eis o ponto alto do filme. Harry agora está mais corajoso que nunca, e dá a cara a tapa, enfrenta Snape, Voldemort e quem mais for, tememos a cada momento pela vida de nossos heróis, nunca antes tão expostos e frágeis, vemos que o Voldemort não está para brincadeira, e muitos dos personagens que estávamos acostumados a ver interagindo na tela, aparecem mortos, são assassinados friamente, sem cerimônias. Mesmo a tão segura Hogwarts é impiedosamente punida, sendo cenário de uma batalha. Sentimos os perigos quando aquela que no primeiro filme foi considerada “o único lugar mais seguro que Gringots” por Ragrid (Robbie Coltrane). Pois bem, vemos os dois sendo destruídos. A aventura é de primeira, e é realmente muito divertido acompanhar o suspense e o medo de cada investida do trio em busca dos objetivos, e além de tudo, o lado cômico do filme está impecável, no momento certo sempre há uma frase, uma atitude engraçada, ou uma referência a algum momento anterior que nos arranca sinceros sorrisos do rosto, mantendo a alegria a cada momento do filme, por mais momentos sérios e profundos que hajam durante a projeção. Assim vale mesmo a pena ir ao cinema.

Voldemort, o lorde das trevas, firma-se mesmo com um dos mais cruéis e temíveis vilões do cinema, o qual temia-se até mesmo pronunciar o nome. A história contada acerta ao deixar muito do seu passado no esquecimento. Toda vez que sabemos de suas proezas, é algum flashback, alguma lembrança, algo contado, deixando sempre a sensação de que ainda não sabemos de tudo que ele fez, e nem saberemos. E realmente sua crueldade não tem limites. Em certo ponto do filme, Voldemort está tão irritado que assassina um de seus capangas simplesmente por lhe dirigir a palavra. Severus Snape (Allan Rickman) mais uma vez retorna interessante, personagem o qual nunca sabemos de que lado está. Sempre tão fiel, mas ao mesmo tempo tão traidor, agora ficamos sabemos de laços profundos dele com Harry.

Como em Toy Story 3 (2010), um grande acerto da produção foi a série foi acompanhar o envelhecimento de seu público. A história de Toy Story (1995) era voltada pra crianças, assim como Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001). Já Toy Story 3 foi feita nos padrões do presente daquelas mesmas crianças de 1995, hoje na faculdade, no trabalho, como Andy. Bem como Harry Potter e As Relíquias da Morte não é um filme para crianças. A classificação etária é de 14 anos, fosse assim em 2001 a série teria sido um fracasso. Mesmo assim, ainda há diversão para todas as idades, assim como romances, tão esperados, e talvez um pouco atrasados, mas considero que vieram no tempo certo, antes disso teria se tornado um mero melodrama para adolescentes.

Um dos pontos em que o filme deixa a desejar é um desenvolvimento maior dos coadjuvantes e, assim como em “O Enigma do Príncipe”, o pós-final. É pouco detalhado o destino que cada um dos tão amados personagens que tiveram nossa atenção nos últimos 10 anos, mas isso realmente tornaria a duração extensa demais. Mesmo assim ao final da projeção ainda fica nos reservado a sensação de que, assistindo novamente, é possível interpretar certos pontos e descobrir alguns segredos. A autora acerta novamente ao fugir do óbvio, o final em nenhum momento foi previsível. Até o último momento não tínhamos certeza se Harry iria ou não sobreviver, pois sim, J.K. Rowling era sim capaz de matá-lo.

De qualquer forma, um ótimo nível foi mantido a cada episódio, chegando viva a este último capítulo, que acabou sendo o melhor deles. As inserções de flashbacks são de arrepiar, e é de se parabenizar a produção. Momentos em que Harry era um bebê parecem terem sido filmados há 10 anos atrás, junto com “A Pedra Filosofal”, bem como a beleza da construção da paixão de Snape por Lilian Potter, a mãe de Harry. Assim também os efeitos visuais em raríssimos momentos deram na vista. Pudera, mais de oito empresas de efeitos de computação trabalharam no desenvolvimento. Destaque para o dragão branco, guarda de Gringots, que parecia real.

O resultado final é de que sim, valeu a pena. Não pude acompanhar Star Wars nem Indiana Jones, minhas séries favoritas, mas posso dizer que vivi, sofri e torci até o final pela luta contra aquele que não deve ser nomeado. A série de minha geração, tem um final que faz toda e qualquer falha anterior ser superada. Não é o melhor filme já feito. Nem é um filme perfeito, tem sim seus defeitos, mas pela experiência que me fez sentir e pela diversão proporcionada, valeu cada momento e posso afirmar que, pela emoção de aplaudir cada vitória conquistada na tela, foi a melhor sessão de cinema que já presenciei.


quarta-feira, 6 de julho de 2011

Clarisse

"Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado
Quem diz que me entende nunca quis saber
Aquele menino foi internado numa clínica
Dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças
Dos sonhos que se configuram tristes e inertes
Como uma ampulheta imóvel, não se mexe, não se move, não trabalha
E Clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada no canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela se esquece
Que é impossível ter da vida calma e força
Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer
Uma de suas amigas já se foi
Quando mais uma ocorrência policial
Ninguém entende, não me olhe assim
Com este semblante de bom samaritano
Cumprindo o seu dever, como se eu fosse doente
Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente
Não existe nada p'rá mim, nem tente
Você não sabe nada e não entende
E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Clarisse sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte
Mas esse vazio ela conhece muito bem
Mas o mundo continua sempre o mesmo
O medo de voltar p'rá casa à noite
Os homens que se esfregam nojentos
No caminho de ida e volta da escola
A falta da esperança e o tormento
De saber que nada é justo e pouco é certo
E que estamos destruindo o futuro
E que a maldade anda sempre aqui por perto
A violência e a injustiça que existe
Contra todas as meninas e mulheres
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço
Clarisse está trancada no seu quarto
Com seus discos e seus livros, seu cansaço
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
Mas um dia eu consigo resistir
E voar pelo caminho mais bonito
Clarisse só tem quatorze anos."

O que dizer quando Renato Russo já disse tudo?

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A deliciosa violência urbana

Fui testemunha de assassinatos na semana passada.
Foi uma aventura e tanto, nem sei por onde começo a contar, o melhor é começar pelo começo.

Estava eu a trabalhar quando meu chefe me incumbiu a missão de realizar uns pagamentos no banco Banrisul. Fui com uma gorda quantia em dinheiro e as contas a serem pagas num envelope. Após alguns minutos na fila, a missão havia sido concluída com sucesso. Me dirigi à saída para voltar ao trabalho, quando na porta da entrada uma senhora comentou assustada:

"-Nossa deu uns 10 tiro lá atrás, socorro que que é isso?!!"

3 horas da tarde, o sol brilhava embora estivesse bem frio em Porto Alegre. 2 opções: voltar ao trabalho pela direita ou ir ver o tiroteio, pela esquerda.

Claro, fui ver o tiroteio, saí correndo pra perto do tumulto, foi então que passei por um círculo de pessoas, entrei no bolinho, e vi que havia um rapaz tranquilo sentado no asfalto da avenida Assis Brasil e resolvi perguntar a ele o que havia acontecido, mas ele não pôde responder por que estava com o peito cheio de furos de bala. O parceiro dele estava deitado no chão, as pernas tremendo como quem tem um ataque epilético, e ele inútilmente se arrastava em direção a calçada. Pergunto-me: aonde ele queria ir? Havia um círculo de policiais o cercando (uns 30 no mímino) e mais um helicóptero sobrevoando o local com um atirador. Aí os tiras nos enxotaram e mandaram se afastar.

O bandido estava sentado, escorado no carro vermelho.
Fiquei a 1 metro dele. O outro estava deitado no chão.
O ocorrido é que uma mulher saiu do Banco, os dois tentaram assaltá-la, um policial a paisana viu e atirou neles, um terceiro que estava na retaguarda acertou o policial pelas costas.


Foi bem interessante minha experiência, ver alguém morrendo de perto, o assaltante estava amarelo, de olhos abertos, tentando respirar. Gostaria de saber o que ele estaria pensando. O que ele gostaria de estar fazendo naquele momento... E o outro que se arrastava. Aonde ele pretendia ir? No hospital? Se ele se arrastasse certamente morreria antes de chegar. Mesmo que não estivesse naquele estado, a pé, seria 20 minutos de caminhada. A melhor opção era esperar pela ambulância, que vinha bem devagar. Enquanto isso ele escutava alguns recadinhos dos tiras enquanto tomava uns chutes bem dados de coturno. Quando a ambulância chegou foi cômico.

Após uns 15 minutos fuçando nele, os enfermeiros o colocaram na maca e saíram na ambulância em direção ao hospital. Que conste que ela parou na faixa de segurança para os pedestres atravessarem a rua, e parou no sinal vermelho também, tudo isso respeitando o limite de velocidade. Lei é lei. Se os bandidinhos tivessem cumprido a lei, não estariam violados a chumbo dependendo de socorro urgente.

Porque o ser humano é tão curioso? Todos querendo ver sangue, todos aflitos e arriscando a pele, e arriscando também tomar uns sopapos dos tiras, tudo pra ver os vermes ali definhando. Incluindo eu é claro.
Nesse ponto que me pergunto, por que os noticiários exibem notícias tão inúteis desse tipo? Por que precisam noticiar "acidente de carro mata 6", "assalto a mão armada mata mãe de família", "sequestradores matam vítima". O QUE É QUE NÓS PODEMOS FAZER??? Um redator da imprensa disse certa vez ao discursar na sala de aula de um amigo meu que notícias felizes não dão audiência. Só as violentas. Tem público.

Já tinha visto no meu bairro (que é bem violento) alguns viciados serem mortos por dívidas de tráfico. Pode ser um tanto revigorante isso, você se sente superior. Me senti superior essa semana. Explico porquê: é pelo fato de você poder agradecer pelo menos uma coisa. O fato de você estar no lado claro da Força. Ter escolhido o certo. O bem. Tem idiota no mundo a ponto de dizer que não existe o bem e o mal, e tentar explicar com teorias imbecis do tipo teoria das cordas, niilismo, o diabo a quatro, nem quero saber. Mas aposto que eles não gostariam de ser assaltados, que o estuprassem, e invadisse sua casa. Isso é ruim né? OK, então o bem e o mal existem. Mas aqueles imbecis escolheram, ao invés de trabalhar, ir tirar de quem trabalhou, por meio da violência gratuita. Tiveram o que mereciam, e ali no asfalto com areia e sangue, já não havia mais volta.

Fiquei imaginando. Como deve ser o último dia de vida? Me coloquei no lugar deles. Teriam acordado, decidido que iam cometer uns crimes e na certezinha que a noite iam estar em casa com o bolso forradinho de dinheiro que não era deles, talvez consumindo algumas drogas. O que será que pensaram no momento em que sentiram aquela mordida no corpo do chumbo entrando? O que pensavam quando estavam no chão agonizando? Ouvindo xingamentos de todos os lados, apanhando sem poder se defender. Bem feito, foi o que fizeram covardemente à senhora que iam assaltar. Será que cogitavam o risco de dar errado?

Hoje é o último dia do resto de nossas vidas. Até que seja o dia da nossa morte. Espero que a morte seja a última coisa que aconteça na minha vida. O que importa é morrer com saúde.


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Um dia perfeito jogado fora



Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Hoje faz 5°C. Muita ventania.

As árvores balançam, as folhas caem. As calçadas são varridas. As sacolas e embalagens de porcarias que os seres nojentos que habitam esse maravilhoso e maltratado planeta voam por aí. Algum débil mental deve estar com uma câmera portátil filmando isso. Eu queria ser ele.

Se você sair na rua vai sentir seu ouvido zunindo, de dentro de casa você ouve os sons vibrando e a sensação é que algo está diferente no ar. O céu está escuro, o vento esparsa as nuvens e no horizonte você vê um lindo céu de baunilha, com tons azulados, e nas linhas que cortam a fronteira entre nuvem e céu, há um esplêndido brilho de cores rosas, laranjas e vermelhos.


Tudo fica mais surreal quando você está embaixo de um céu nublado, onde tudo está escuro pela falta de Sol, mas se pode ver no horizonte a luz tentando invadir a planície e causando esse efeito maravilhoso.

É difícil encontrar palavras pra descrever a sensação de estar num ambiente assim.

É um dos dias mais lindos do ano.

Um dia perfeito para:


  • Namorar;
  • Jogar videogame;
  • Ouvir música melódica;
  • Assistir um filme com tema revigorante;
  • Subir no telhado, admirar e refletir;
  • Fingir que se está em 1794 e você é Barry Lyndon;
  • Conversar com Deus.
Mas hoje é segunda feira. Coisas que eu vou fazer:

  • Trabalhar.

Nada de telhado, música, videogame, nem tenho namorada, então, vamos lá ficar 12 horas trancado em uma sala.

Sociedade contemporânea, jogando fora a vida apartir de os 6 anos de idade.

domingo, 26 de junho de 2011

Tolas canções de amor

Esse sentimento que não é fabricado em série e nunca é vendido em partes iguais. Um sempre acaba sendo mais pesado que o outro. 21 anos e ainda não vi o amor ser do mesmo tamanho para dois amantes. Alguém sempre acaba amando mais que o outro. 21 anos, e acho que nem mesmo vi o amor. Isso ainda existe?

Essa palavra fora de moda que te faz de idiota, te faz de bobo. Você acorda de madrugada pensando naquele doce momento que nunca existiu. E que nem vai existir, enquanto sua desejada está em transe, repousando eternamente na felicidade de não precisar de você.

E é possível crer que ainda escrevam bobas canções de amor?

"você deve pensar que as pessoas já têm canções bobas de
amor suficientes
Mas eu olho a minha volta e vejo que não é assim
Algumas pessoas querem encher o mundo de canções bobas
de amor
O que há de errado nisso?
Eu gostaria de saber, por que aqui vou eu de novo!
eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo"


Silly Love Songs (Paul McCartney)

Lá vou eu de novo?

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Crítica: Sociedade dos Poetas Mortos (1989)


O diretor Peter Weir, de genialidades como “Show de Truman” (The Truman Show, 1998), opta por não subjulgar a capacidade do espectador, ao não lançar na tela dados como data e localidade, está tudo nas entrelinhas, basta um pouco de atenção, e veremos em diálogos como "-Há 100 anos, em 1859..." para poder entender que a história se passa entre o fim dos anos '50 e o início dos anos '60, em um colégio interno para garotos, onde o conservadorismo, o machismo e outros ismos imperavam na américa.

Nesta linha do conservadorismo, em certo ponto do filme, um dos personagens luta por suas escolhas na vida, assunto no qual o pai linha-dura sempre acaba se impondo. O espectador pode perguntar "e a mãe, que lado toma nesta luta?". A resposta é: nenhum! Que direito tinham as mulheres naquela época? E podemos ver isso claramente quando, a primeira vez que vemos a mãe do garoto em cena, ela está simplesmente chorando, sem sequer ter tentado convencer o pai, ou consolar o filho.

Já outro personagem, sempre quieto e temeroso, tentando ao máximo manter distância de qualquer coisa "anormal" em sua conduta no colégio, mostra-nos outra boa escolha do diretor. A princípio podemos dizer: "ah... O velho clichê do garoto pobre que não quer perder a bolsa". Mas não. Unicamente é um garoto tímido que mal tem coragem de ler em público, apesar de aparentar ser poeta, ao tentar esconder suas literaturas do colega brincalhão.

O filme acaba de maneira muito realista. Fugindo dos padrões atuais de cinema, onde o objetivo normalmente é agradar os egos de quem o assiste, para que o diga "nossa, que belo filme!", nesta obra de '94, onde o personagem central John Keating, (Robin Willians, de Jumanji, 1995), um professor a frente de seu tempo, com métodos não convencionais de ensino (talvez fonte de inspiração para Escritores da Liberdade, 2007) vem com o objetivo de mostrar novos valores às vidas destes estudantes, num momento em que seguem a dura rotina de estudar, estudar e estudar, se formar e ser o que agradar o papai e a mamãe, de modo assim, jamais vivendo a vida. "Carpe Diem". Do latim, “Aproveite o dia”, é o lema ensinado por Keating, que aos poucos influencia aqueles alunos, que passam a arriscar mais, querer mais e viver mais. Aproveitar mais. "Carpe...".

A Sociedade dos Poetas Mortos era o ponto de escape daquelas almas aprisionadas no tédio do cotidiano, sociedade oriunda dos tempos em que John foi aluno daquele mesmo colégio, provavelmente tentando se libertar. Liberdade é tudo o que os jovens procuram, e por quê sempre acabam perdendo isso ao atingir a idade adulta?
Mas porquê o final é realista?
Experimente dizer ao seu chefe que não irá trabalhar hoje por que, afinal, não tem nada pra fazer no escritório hoje mesmo... (E realmente não tendo!); você receberá um aviso prévio e logo não precisará trabalhar dia nenhum! O correto seria ir para o escritório, fingir que está fazendo algo até o final do dia, e chegar em casa cansado, e no dia seguinte, desgastado para as tarefas que virão.

E assim o mundo continua, a hipocrisia impera, mudaram as estações, mas nada mudou. Se você tentar mudar a rotina, o rumo pode tomar proporções fatais, assim como apresentado neste "Sociedade dos Poetas Mortos" e em "Beleza Americana", 1999. Você deve não viver, e sim funcionar. Seguir os padrões, mostrar lá fora o quê você não é e nunca alcançar o que realmente almeja para a sua vida.

Ou então, fazer o que realmente quer, dar um belo dane-se para a hipocrisia, e ver no quê isso vai resultar.

Carpe Diem!

Originalmente postado no site Cineplayers.

Um dia desses eu vou me orgazinar.


Tá aqui um cara que se cansou de todo esse lixo.
Disposto a se livrar de todas as porcarias que sujam minha mente e meu corpo, mas infelizmente um cara que não termina nada que começa, e que tem o dom de fazer as coisas do jeito errado, sabendo que está errado.

Um dia eu vou ser orgazinado.