segunda-feira, 27 de junho de 2011

Um dia perfeito jogado fora



Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Hoje faz 5°C. Muita ventania.

As árvores balançam, as folhas caem. As calçadas são varridas. As sacolas e embalagens de porcarias que os seres nojentos que habitam esse maravilhoso e maltratado planeta voam por aí. Algum débil mental deve estar com uma câmera portátil filmando isso. Eu queria ser ele.

Se você sair na rua vai sentir seu ouvido zunindo, de dentro de casa você ouve os sons vibrando e a sensação é que algo está diferente no ar. O céu está escuro, o vento esparsa as nuvens e no horizonte você vê um lindo céu de baunilha, com tons azulados, e nas linhas que cortam a fronteira entre nuvem e céu, há um esplêndido brilho de cores rosas, laranjas e vermelhos.


Tudo fica mais surreal quando você está embaixo de um céu nublado, onde tudo está escuro pela falta de Sol, mas se pode ver no horizonte a luz tentando invadir a planície e causando esse efeito maravilhoso.

É difícil encontrar palavras pra descrever a sensação de estar num ambiente assim.

É um dos dias mais lindos do ano.

Um dia perfeito para:


  • Namorar;
  • Jogar videogame;
  • Ouvir música melódica;
  • Assistir um filme com tema revigorante;
  • Subir no telhado, admirar e refletir;
  • Fingir que se está em 1794 e você é Barry Lyndon;
  • Conversar com Deus.
Mas hoje é segunda feira. Coisas que eu vou fazer:

  • Trabalhar.

Nada de telhado, música, videogame, nem tenho namorada, então, vamos lá ficar 12 horas trancado em uma sala.

Sociedade contemporânea, jogando fora a vida apartir de os 6 anos de idade.

domingo, 26 de junho de 2011

Tolas canções de amor

Esse sentimento que não é fabricado em série e nunca é vendido em partes iguais. Um sempre acaba sendo mais pesado que o outro. 21 anos e ainda não vi o amor ser do mesmo tamanho para dois amantes. Alguém sempre acaba amando mais que o outro. 21 anos, e acho que nem mesmo vi o amor. Isso ainda existe?

Essa palavra fora de moda que te faz de idiota, te faz de bobo. Você acorda de madrugada pensando naquele doce momento que nunca existiu. E que nem vai existir, enquanto sua desejada está em transe, repousando eternamente na felicidade de não precisar de você.

E é possível crer que ainda escrevam bobas canções de amor?

"você deve pensar que as pessoas já têm canções bobas de
amor suficientes
Mas eu olho a minha volta e vejo que não é assim
Algumas pessoas querem encher o mundo de canções bobas
de amor
O que há de errado nisso?
Eu gostaria de saber, por que aqui vou eu de novo!
eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo"


Silly Love Songs (Paul McCartney)

Lá vou eu de novo?

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Crítica: Sociedade dos Poetas Mortos (1989)


O diretor Peter Weir, de genialidades como “Show de Truman” (The Truman Show, 1998), opta por não subjulgar a capacidade do espectador, ao não lançar na tela dados como data e localidade, está tudo nas entrelinhas, basta um pouco de atenção, e veremos em diálogos como "-Há 100 anos, em 1859..." para poder entender que a história se passa entre o fim dos anos '50 e o início dos anos '60, em um colégio interno para garotos, onde o conservadorismo, o machismo e outros ismos imperavam na américa.

Nesta linha do conservadorismo, em certo ponto do filme, um dos personagens luta por suas escolhas na vida, assunto no qual o pai linha-dura sempre acaba se impondo. O espectador pode perguntar "e a mãe, que lado toma nesta luta?". A resposta é: nenhum! Que direito tinham as mulheres naquela época? E podemos ver isso claramente quando, a primeira vez que vemos a mãe do garoto em cena, ela está simplesmente chorando, sem sequer ter tentado convencer o pai, ou consolar o filho.

Já outro personagem, sempre quieto e temeroso, tentando ao máximo manter distância de qualquer coisa "anormal" em sua conduta no colégio, mostra-nos outra boa escolha do diretor. A princípio podemos dizer: "ah... O velho clichê do garoto pobre que não quer perder a bolsa". Mas não. Unicamente é um garoto tímido que mal tem coragem de ler em público, apesar de aparentar ser poeta, ao tentar esconder suas literaturas do colega brincalhão.

O filme acaba de maneira muito realista. Fugindo dos padrões atuais de cinema, onde o objetivo normalmente é agradar os egos de quem o assiste, para que o diga "nossa, que belo filme!", nesta obra de '94, onde o personagem central John Keating, (Robin Willians, de Jumanji, 1995), um professor a frente de seu tempo, com métodos não convencionais de ensino (talvez fonte de inspiração para Escritores da Liberdade, 2007) vem com o objetivo de mostrar novos valores às vidas destes estudantes, num momento em que seguem a dura rotina de estudar, estudar e estudar, se formar e ser o que agradar o papai e a mamãe, de modo assim, jamais vivendo a vida. "Carpe Diem". Do latim, “Aproveite o dia”, é o lema ensinado por Keating, que aos poucos influencia aqueles alunos, que passam a arriscar mais, querer mais e viver mais. Aproveitar mais. "Carpe...".

A Sociedade dos Poetas Mortos era o ponto de escape daquelas almas aprisionadas no tédio do cotidiano, sociedade oriunda dos tempos em que John foi aluno daquele mesmo colégio, provavelmente tentando se libertar. Liberdade é tudo o que os jovens procuram, e por quê sempre acabam perdendo isso ao atingir a idade adulta?
Mas porquê o final é realista?
Experimente dizer ao seu chefe que não irá trabalhar hoje por que, afinal, não tem nada pra fazer no escritório hoje mesmo... (E realmente não tendo!); você receberá um aviso prévio e logo não precisará trabalhar dia nenhum! O correto seria ir para o escritório, fingir que está fazendo algo até o final do dia, e chegar em casa cansado, e no dia seguinte, desgastado para as tarefas que virão.

E assim o mundo continua, a hipocrisia impera, mudaram as estações, mas nada mudou. Se você tentar mudar a rotina, o rumo pode tomar proporções fatais, assim como apresentado neste "Sociedade dos Poetas Mortos" e em "Beleza Americana", 1999. Você deve não viver, e sim funcionar. Seguir os padrões, mostrar lá fora o quê você não é e nunca alcançar o que realmente almeja para a sua vida.

Ou então, fazer o que realmente quer, dar um belo dane-se para a hipocrisia, e ver no quê isso vai resultar.

Carpe Diem!

Originalmente postado no site Cineplayers.

Um dia desses eu vou me orgazinar.


Tá aqui um cara que se cansou de todo esse lixo.
Disposto a se livrar de todas as porcarias que sujam minha mente e meu corpo, mas infelizmente um cara que não termina nada que começa, e que tem o dom de fazer as coisas do jeito errado, sabendo que está errado.

Um dia eu vou ser orgazinado.